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Programa  6 - Bloco 1

JUJU MEDEIROS: Boa noite, amores e amoras. Como vão? Eu estou ótima. No programa de hoje, recebo Ramon Fernandes, autor de tramas lacradoras como Dancin Days e Berço de Lobos (junto com Weslley Vitoritti). Ele assina com Rynaldo Nascimento a próxima trama da emissora, a novela Filhos da Bahia. E no segundo bloco, comento sobre Cinemáticos. Vamos começar?

JUJU MEDEIROS: Querido, quanto tempo! Estava sumido. Como vai? Fique à vontade nesse horrendo estúdio que me deram. Aceita uma caipirinha?                        

RAMON FERNANDES: Ramon: Querida, eu sempre fico à vontade. Mas passarei um álcool em gel primeiro nesse sofá. Segurança é tudo! Quanto a caipirinha, dispenso. Aceito uma Voss.                        

JUJU: Ui, voltou das suas férias chic hein, amore?! Foi aonde durante esse período de sumiço? Paris ou Acre?                        

RAMON: Fui à Holanda, tirar leite da vaca da tua mãe, mentira gata (sem atracks, OK grande mídia?!). Então, tava dispondo energia em outras coisas, como minha vida, por exemplo.                        

 

JUJU: Que bom que deixou esse recado para a grande mídia porque já cansei de fofoca fake. Enfim, sua última trama no TVN foi Dancin Days. Como foi ter que largar a trama por problemas de internet que te impossibilitaram de enviar os capítulos?                        

RAMON: Gente, quem gritou essa mentira? Jamais larguei a trama por esse motivo, queridinha. Me afastei por problemas de saúde (não disse drogas, disse problemas de saúde!). Deixei a trama nas mãos de Vinícius Borges e ele fez o que eu mais temia: Abandonou a obra, faltando poucos capítulos para concluir. Mas enfim, já joguei ele na boca do sapo e a vida dele desde então, tá o fracasso que tá. Acho que o saldo foi positivo. Quanto a Dancin Days? Virou lenda urbana. Acho que até será tema da próxima temporada da série de Maureen Prescott.                        

 

JUJU: Quem me informou na época foi a direção do TVN. Realmente, tanto tempo no ar deixou a trama uma lenda mesmo, daquelas sem fim algum. Na época, também falaram que você pretendia voltar com a trama, ou somente com o final dela. Verdade? Eu gostaria de ler o final. Acho que todos que acompanhavam.                        

RAMON: Quando voltei ao cenário virtual e vi que ela não ia para frente, cogitei no retorno dela sim e desenvolver os roteiros que faltavam (já que estava completamente resumida). Mas pensei, repensei, troquei idéias com um povo que me segue (traficantes, prostitutas e travestis em sua maioria), joguei uns búzios e abstrai. Final deixa em aberto, usem a criatividade para saber o que aconteceu, porque eu realmente não tenho a mínima vontade de contar. Desculpem fãs da novela (tem?)                         

 

JUJU: Claro que existem fãs. Falando em fãs, o que você acha do contato com os leitores? Gostaria de se aproximar mais deles? Porque os que mais comentam são outros autores. Isso com todas tramas.                        

RAMON: Claro, amo meus fã-clubes espalhados pelo Brasil. Mandem cartinhas pra minha caixa postal. Aceito dinheiro também. Deixo em anexo o número da minha conta.                        

 

JUJU: Ramon, você está na reta final de Berço de Lobos, que já foi toda escrita. A trama marcou sua parceria com Weslley Vitoritti. Como foi essa parceria? O que tem a dizer sobre Weslley?                        

RAMON: Que bom tocar nesse assunto, porque nem a própria rede que ela é exibida, me procurou pra fazer qualquer menção do final, mas o que esperar né? Enfim, antes de Weslley Vitoritti, já tinha escrito uma minissérie ao lado de Rynaldo Andrade, e foi ótimo. Normalmente, aceito as ideias dos coleguinhas de plantão. Os dois são ótimos autores e não poderia esperar nada mais que um trabalho - a nosso ver - perfeito. Weslley, minha gratidão, mana. Quem conhece, sabe

 

JUJU: Entendi. Como foi a divisão da escrita entre vocês? Você ficou satisfeito com o resultado final?                        

RAMON: Quando Vitoritti chegou ao projeto, a sinopse, os perfis e praticamente todos os capítulos já estavam resumidos. Eu procurava um mero colaborador, surgiu Weslley. Bom, aqui eu poderia dizer que ele seguiu a minha ideia original e fez o que estava previamente escrito, MAS isso seria uma mentira. Weslley Vitoritti foi tão fantástico no desenvolvimento dos tipos, que eu acabei mudando muitos perfis psicológicos dos personagens e a trama enveredou em outro rumo. Deixar Vitoritti na posição de colaborador seria sacanagem. Ele deu o sangue, o nome e o... enfim, deixa pra lá. Escreveria novamente com ele, nem que fosse pra ninguém ler. Trabalho delicioso!        

               

JUJU: Como vocês dividiram os capítulos?                        

RAMON: O primeiro capítulo eu escrevi sozinho. Do capítulo 2 até o 20, ele escreveu o que desenvolviamos previamente em resumos. Assumi da metade (21), até o último. Mas um interferia no trabalho do outro sempre, visando a melhoria do resultado final. Ou seja, cada capítulo escrito era lido e relido pelos dois.             

          

JUJU: Para vocês, como foi a criação dos finais? Foi automático, levando em consideração a trajetória dos personagens ou foi uma tarefa mais árdua?                        

RAMON: Fechamos os finais de todos os personagens, levando em conta a coerência da trajetória pessoal de cada um deles. Então, não esperem (pra quem vai ler) vilões se dando mal no final e mocinhos se dando bem. Até porque nunca prometemos a ninguém que a vida era justa - porque, de fato, não é. Mas ficamos extremamente satisfeitos com o fechamento da trama. Contamos exatamente o que queríamos contar nessa novela. Foi mais que relevante ter escrito Berço de Lobos.           

 

JUJU: Para você, o que é mais difícil escrever: o início de uma trama ou seu desfecho? Por quê?                        

RAMON: O início é sempre mais difícil. Eu, pelo menos, fico tateando, procurando o tom exato de contar aquela estória em específico e identificar os personagens como amigos. Quando você pega o jeito daquela trama, só flui.              

         

JUJU: Você está no mundo virtual há anos. E sempre há polêmicas com fakes. Recentemente, Tena Andrade foi acusada de ser Everton Brito e vice versa. O que você acha dos fakes e o que achou dessa polêmica, em especial ?                        

RAMON: Sincerão? Acho tão cansativa essa discussão, sobre ser fake ou não. Até porque ser fake, nunca foi crime (desde que você não se aproveite do fato de se esconder atrás de outro rosto pra disseminar bosta pelo mundo). Nesse caso específico, acho uma bobagem alguém precisar criar um fake pra montar uma pseudo-rede e atacar os autores que dão realmente a cara a bater. Não conheço Tena Andrade, assim como nunca falei com Everton Brito (não que me lembre), então não posso afirmar que um é o outro (apesar das coincidências serem gritantes). Só acho que há um limite pra tudo, até pra ser ridículo. Então, rede Purple: Não precisa atacar ninguém pra se promover. Todos estão aqui apenas para escrever, e o mais bizarro, sem remuneração. Então, gente, foquem no que realmente viemos perder tempo aqui: escrever. Até porque todo barraco aqui termina sem sentido mesmo. Sigam Madre Inês: make love é muito melhor. Se for pra fazer guerra, não me chama que eu não tô!           

            

JUJU: Adorei, querido! E críticas? Como lida com elas?                        

RAMON: Se forem construtivas, acho relevante. Os mimimis são apenas os mimimis.    

                   

JUJU:  Agora vamos falar de Filhos da Bahia, a próxima trama do horário nobre do TVN, escrita por você e Rynaldo Andrade, uma parceria de outros tempos e que foi para o mundo real. Fale um pouco sobre a relação entre vocês e como surgiu Filhos da Bahia.                        

RAMON: Pra responder essa pergunta, chamo ao palco, a nossa diva da Web dramaturgia brasileira, Ryna Andrade, acompanhada do elenco dessa grande história! (TEMPO) (VÁCUO)                        

Mentira. Minha parceria com Rynaldo vem desde os primórdios, quase Hebe e Lolita Rodrigues. Escrevemos uma minissérie em 2009, e desde então, nunca mais surgiu oportunidades pra escrevermos nada. Até que este ano, as voltas que a vida dá, me trouxeram para a Bahia. Aqui conheci Rynaldo, depois de novo anos apenas conversando via web e falei do desejo de desengavetar uma trama que ele iniciou no ano de 2012 e acabou perdendo o interesse. Sempre achei a sinopse de Filhos da Bahia, fantástica! Senti que precisava ser contada e hoje, estando na Bahia, berço dessa estória, entendo muita coisa que estava no roteiro e que só quem já pisou aqui, entende. Bahia é um mundo a parte, e agora, me considero um agregado daqui.

 

JUJU: Morando na Bahia, você sente mais facilidade para escrever sobre esse lugar fantástico, composto de tantos grupos diferentes e cada um com seu costume ?                        

RAMON: Aqui, eu pude perceber muitas coisas que antes soavam caricatas ou até estranhas mesmo. Me sinto muito mais apropriado da trama, para falar sobre ela. Rynaldo iniciou o projeto e agora encaminho para a metade da novela e sua finalização. Parece que esse tipo de projeto me persegue, vide Berço de Lobos. A diferença básica é que Berço, o projeto foi basicamente criação em conjunto com Weslley e em Filhos da Bahia, o projeto já existia. Mas Rynaldo me deu total liberdade em mexer nos rumos dos "filhos" dele.    

                    

JUJU: Bacana! O que pode nos adiantar sobre Filhos da Bahia? O que podemos esperar da trama?                        

RAMON: Filhos da Bahia conta a vida de quatro protagonistas que tiveram sua infância marcadas por verdadeiras tragedias. Cada um, cresceu dispondo das armas que a vida cedeu pra eles lutarem por sobrevivência. Agora, o que eles buscam basicamente é dar um sentido na vida com a trajetória difícil que eles tiveram até então. Uns buscam através da obsessão (ao que chama de amor), outros através da luta para melhorar esse mundo caótico com causas sociais e a nossa protagonista busca vingança ao homem que devastou o seu passado e que ameaça gravemente o seu presente. Esperem um novelão! Comedia, romance, ação, suspense e drama. Pacote completo com aquele gosto de baianidade!           

            

JUJU: Qual a principal diferença e semelhança entre Filhos da Bahia, Berço de Lobos e Dancin Days?                        

RAMON: Nossa, pergunta complexa. A diferença é exatamente que uma não tem nada a ver com a outra (risos). Dancin Days era uma releitura bem livre da original (1978, Globo). Era uma trama leve, onde até o drama central, era tratado em tons mais cômicos. Berço de Lobos veio exatamente na contramão disso tudo, era uma trama pesadíssima, violenta, polêmica, onde praticamente não existiam mocinhos - e os que existiam eram bem duvidosos. Filhos da Bahia é uma daquelas novelas clássicas: mocinho é mocinho, vilão é vilão. Tem romance e comedia (que eu em tramas solo, não destaco tanto). Quem me conhece, sabe que adoro escrever uma boa disputa por poder e acho que o que mais me envolve nessa trama é toda essa trajetória da protagonista Amanda (Carol Castro), em busca de uma vingança desenfreada, que não conhece limites pra despejar toda a dor que o Rômulo (Humberto Martins), causou na sua vida. Sou meio passional, tramas assim são meus amores. Acho as três novelas bem diferentes entre si, o que se assemelha, acredito que as três protagonistas são bem delineadas, tomam realmente o posto de donas de suas estórias.            

           

JUJU: O que espera da repercussão da trama? Acha que fará sucesso? Eu acho que sim, por tudo que disse. #VemLogoFilhosDaBahia                        

RAMON: Espero um salário maior na TVN, mas como acredito que os recursos serão sempre desviados pelos seus presidentes, espero que as pessoas leiam e se apaixonem pela estória. Afinal, eu também era um leitor dela, que de tão envolvido por esses personagens, decidi desengavetar e mostrar ao mundo o porque essa novela fez eu me apaixonar! Espero que os demais sintam o mesmo orgulho como leitores, que dê vontade deles também terem sido escritores desses mais de 60 personagens.          

             

JUJU: Eita. Muitos personagens! O que você acha que está faltando no mundo virtual e o que tá sobrando?                        

RAMON: Está faltando compromisso com o que viemos fazer aqui: Escrever coisas que valem a pena serem mostradas, lidas e passadas a diante. O que está sobrando? Cacique. Muito cacique pra pouco índio. Pra ser chefe, primeiro precisa ser peão. Tem gente que nasce com bom senso, tem gente se se esforça.          

             

JUJU: Ramon, amor, agora é a hora de você escolher a música que vai encerrar esse bloco já já. Pense bem e arrase!                        

RAMON: Para encerrar o bloco e fazer uma conexão com a próxima novela da TVN, quero pedir a música da vilã mais arretada e ousada que vocês terão companhia nos próximos meses. Vem Darinha! Vem Filhos da Bahia! Vem Sia cantando Unstoppable (a cara da personagem mais causadora da vida!)       

                

JUJU: E agora é a hora do ''O JOGO VIROU'', que você terá a oportunidade de me fazer uma pergunta. Olha bem o que irá perguntar! Nosso passado aqui no Sul deve ser esquecido. (Risos)                        

RAMON: Você sabe que nosso passado continua queimando todas as noites em cima dos nossos lençóis (morri, bjs). A pergunta é: Se houvesse uma rachadura na direção do TVN (como no cenário político atual), e houvesse uma eleição para escolher quem assumiria a presidência do canal, em quem você votaria: João Carvalho ou Vitor Abou? Lembrando que não pode ser imparcial e quero sinceridade, gatinha. #queroDiscordia   Em quem votaria e porque.

JUJU:  Querido, só sei de uma coisa: se tivesse uma opção Ramon Fernandes, não votaria nunca. Enfim, quer me ver demitida? Mas vamos lá! Votaria no Vitor porque ele dá mais atenção pra mim. Sempre peço umas coisas para João e ele manda eu tratar com Vitor, então é com quem mais falo. João é um amor, mas sempre foge de mim.   E você, em quem votaria ?                        

RAMON: Votaria em você na minha cama todas as noites, safada.  (risos)                    

JUJU: Não fuja da pergunta, amore mio.                         

RAMON: Era "O jogo virou", e não Passa ou Repassa. Mas juntaria os dois e faria uma orgia. Sou dessas. Sou politizada.                    

   

JUJU: Eita. Para a felicidade de uns e tristeza de outros, acabou nossa entrevista, gatão. Obrigada por aceitar o convite. Mentira. Você que se convidou. Sucesso com Filhos da Bahia! Beijos. Miau!                        

RAMON: Moooooooorto. Volta pro teu cesto de roupa sujas, gatinha. Estrela não se convida, estrela brota. No caso eu, que sou cadente, cedo alguns instantes do meu brilho. Beijos, bichana!

 

JUJU: Vamos para aquele intervalo rapidíssimo. Enquanto isso, agora apreciem Unstoppable, da Sia, recomendação da Ramon.

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